Ensaio sobre a Cegueira


Dentre as atividades do recém findo carnaval não poderiam faltar as tradicionais sessões de DVD's. Aproveitei para assistir a um filme extremamente interessante: Ensaio sobre a Cegueira.

Mas o que isso tem a ver com Direito Constitucional ou Direito Tributário, temas centrais deste blog?

Tudo
.

No filme em questão há um certo momento em que o Governo decide confinar todos os portadores de uma misteriosa doença (chamada de cegueira branca") dentro de um sanatório abandonado, no que chamam inicialmente de "quarentena".

No início, enquanto o grupo é pequeno, todos convivem em harmonia, buscando auxiliar uns aos outros. Porém, com o crescimento da "população" interna, rapidamente surgem divergências, até que um determinado grupo "proclama" uma verdadeira "monarquia", impondo a "lei do mais forte". Passam então a roubar a comida fornecida pelo governo, condicionando sua liberação à obediência dos demais grupos,a qual incluía desde a entrega de bens materiais (como relógios, pulseiras, etc.) até a de bens imateriais (como a honra alheia, para ficar numa idéia bem abstrata).

Em certo momento do filme, alguns personagens acabam se rebelando contra a "monarquia", gerando inclusive a morte de alguns. Não pude deixar de me lembrar, naquele momento, do famoso "Caso dos Exploradores de Cavernas", livro constantemente lido pelos alunos do primeiro ano do curso de Direito. Como fica a situação das pessoas que violentaram as outras, tomando suas refeições? E o caso dos demais que se revoltaram e mataram alguns dos "mais fortes"?

Creio, até mesmo, que este filme pode ser utilizadopara profundas reflexões não somente sobre a aplicação de normas jurídicas, mas também sobre o próprio comportamento humano.

De uma maneira ou de outra, seja você da área jurídica ou não, fica a recomendação: assista o filme. Ele é excelente e causa as mais díspares sensações na platéia (desde revolta até alívio).

Comentários

Anônimo disse…
Prezado Cláudio,

Tanto o livro quanto o filme são muito bons. De fato, muito do que vemos nas duas obras faz pensar milhares de coisas sobre os mais variados enfoques. Mas o principal deles é aquele confinamento e o que vem a ser a cegueira branca. No caso do confinamento, assim que li o livro fiquei com a sensação de algo como o estado de natureza no estilo de Hobbes, e o filme potencializou essa minha sensação; o caso dos espeleólogos ainda não tinha me retornado à mente, mas foi boa a comparação. No caso da cegueira branca estou até hoje elaborando uma idéia melhor, pois a alegoria do Saramago pode significar um milhão de coisas. Aliás, aproveito para lhe indicar o livro que é a continuação do "Ensaio sobre a cegueira", do mesmo autor, leia "Ensaio sobre a lucidez". E continuo matutando os significados das duas alegorias por ele criadas.
Forte abraço
Julio Pinheiro Faro
Grande Julio, como está?

Não tive ainda a oportunidade de ler o livro. Agora com a sua recomendação inclusive da sequência, pretendo comprá-los o quanto antes. Devem ser lidos logo após terminar a leitura do 1808 (livro muito bom, por sinal).

A propósito, gostei do site do escritório (vi o endereço pelo e-mail que você mandou), meus parabéns.

Não sei se lhe falei, mas nosso escritório está com sede nova desde novembro. Passe lá para tomar um café qualquer dia desses (www.bergi.adv.br).

Grande abraço!

Postagens mais visitadas